quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Jogos de amor, são pra se jogar?



" Eu sei, jogos de amor são pra se jogar. Ah por favor não vem me explicar o que já sei e o que não sei. O nosso jogo não tem regra nem juiz. Você não sabe quantos eu já fiz.Tudo que eu tinha pra perder eu já perdi. O seu exército invadindo meu Pais."   Paralamas do Sucesso - Me Liga

Tenho me pegado pensando cada vez mais no amor. E como ele tem sido visto, dito e por vezes divulgado. Essa música na voz de Ivete naquele cd "Um barzinho e um violão" é uma delícia. Mas seria verdade? Será mesmo que nossa vida se baseia em enfrentar jogos de amor? Seria então essa a explicação pra fracassos ou sucesso, a sorte no jogo? Meu coração me diz que não.

Imaginem a situação: você se deparar com uma obra prima a tua frente e saber que tu tens as qualidades para reproduzi-la. Mais que isso, você tem quase que a obrigação de fazê-la. Debruça-se nos teus ombros uma responsabilidade tamanha e o medo de falhar. Mas o autor te deu um passo a passo para refazê-la. Mostrou-te uma direção para seguir para que então essa obra prima fosse reproduzida e ficasse tão bela, tão idêntica ao original, que seria esta também original. Mas o manual do autor vem cheio de pequenezas, coisas simples que tem que ser feitas, mas que cansam. Dão trabalho. Exigem doação. Exigem que você se dedique a esta obra com tudo o que você tem. Complicado né? E então você descobre que pode fazer algo parecido. Você é talentoso, é capaz, criativo. Porque não então, inventar a sua própria releitura do quadro? Que tal por um pouco mais disso aqui, daquilo ali... que tal cores que não existem, que tal formas engraçadas, que tal faze-lo ter o ar de original, mas feito do seu jeito? 

O amor foi caricaturado. Sim, foi visto e conhecido lindo. Mas por dar trabalho, foi caricaturado. Tem traços e sabe-se de onde veio, mas não é mais o amor como foi visto, não é a ideia do autor. Aí você se justifica: mas o autor pediu que eu fizesse o meu melhor, eu fiz; ah, a ideia original tá aí você só precisa abrir a mente para ver; ah, você pode ver aqui a obra de um jeito moderno... Pode ser qualquer uma dessas justificativas, mas foi você quem mudou, não o autor.

Fizemos tantas caricaturas que hoje já não reconhecemos o amor original. Colocamos tantas vontades nossas, tantos retalhos que hoje quando se vê o amor de verdade já não reconhecemos. Banalizou-se a obra. Banalizou-se o Autor. A partir daí vimos a nossa incapacidade de criação e ao invés de retornar ao autor e pedir-lhe ajuda, resolvemos então nos justificar novamente. Criamos como impossibilidade esse tal amor, virou sorte poder faze-lo, te-lo. Deixamos a mercê de sei-lá-o-que! Aí é mais fácil por a culpa em fatores extrínsecos do que olhar para si próprio e dizer: eu sou incapaz de criar o amor. eu já não sei mais nem como reproduzir.

Hoje aplaudimos obras caricaturadas do amor. Mais que isso, defendemos estas como verdadeiras e rechaçamos o original. A obra prima do amor não é mais aplaudida. Seu Autor, desconsolado, investe ainda em nós para que possamos abrir os olhos e assim possamos reconhecer o amor de verdade.

E de tanto investir Ele conseguiu. De fato não mediu esforços. Há ainda jovens, idosos, adultos e crianças que voltam a enxergar a obra prima. Eles decidiram se doar para refazer, retransmitir essa obra. Doam suas vidas, seu tempo, sua face para que o amor volte a ser tal qual a obra do seu Autor. Eu escolhi ser desse grupo, resolvi ser um vanguardista do passado, trazer de novo a tona o amor sem caricaturas, tal qual sonhado pelo Autor. E só por Ele tenho sido capaz de deixar os pincéis com minhas cores, meus traços, meus rabiscos e me concentrar apenas na leveza das linhas e cores desse sonho sonhado por Ele. Sim, Deus tem desenhado em mim sua obra prima. Como uma criança que tem o auxílio dos pontinhos, assim também eu posso experimentar desse auxílio de Deus que tem me colocado no caminho os pontos para ligar e no fim poder ver a linda obra.

É certo que alguns traços ainda saem tortos, algumas cores estão foscas (na verdade as gastei outrora para obras de minha vontade), mas eu sei que ao final, eu e minha princesa (outro ponto que o Senhor pôs em minha vida e que tem sido a mão que segura meu braço cansado) poderemos ter essa linda pintura na parede de entrada do nosso lar, sonhado nEle. Decidimos não jogar um jogo. Não apostamos numa relação, investimos nela. Não pensamos se teríamos sorte, fizemos de Deus nosso alicerce. Não pensamos no que perderíamos e no que ganharíamos, nós simplesmente nos doamos ao querer dEle, que neste caso é fazer, a todo custo, o outro feliz.

Pra você que ainda pensa em sorte no amor e azar no jogo, ou o contrário eu digo: guarde suas fichas, seus créditos, seus "continues". Guarde suas superstições, mandingas e o que mais você tem gastado para encontrar o amor. Olhe para dentro de si. Encontre o Autor, pois Ele que te fez e fez também o amor, habita ainda aí. Sim Ele está aí dentro de você, mesmo que você tenha entulhado seu coração de tintas e pincéis de tudo quanto e tipo, Ele está aí. Limpe seu coração, sua afetividade e sexualidade de todas as geringonças que você pôs ai, pensando ser obras de amor. Encontre-O e recomece a Sua obra prima de amor: você. Aí sim, você conseguirá achar os traços ternos de amor.